
BOTEQUIM
A mitificação de Salazar


No seu modo reticente de ser, Eduardo Lourenço lamentava não ter jeito para a ficção pois gostaria de escrever um romance sobre Salazar, enigmática esfinge do seu tempo. E, de seguida, incentivava-nos a ler, pela "profundidade de pensamento e qualidade de escrita", os seus discursos e artigos.
Críticos do Estado Novo, como Mello e Castro, Baptista-Bastos, Fernando Namora, Natália Correia, David Mourão-Ferreira consideravam, entre outros, o antigo presidente do Conselho "um invulgar ensaísta político". Para se conhecer essa época, anotava Agostinho da Silva, "é avisado estudá-lo, ele não veio de Marte, mas da fundura do País". Foi o governante que mais poder teve, durante mais tempo, na nossa longa história.
Nascido em ambiente de pobreza, na Beira Alta, Salazar influenciou como poucos portugueses o curso do século XX. Convidado a liderar o País, impôs um partido único (a União Nacional), um controle de informações (a Censura), uma vigilância dos cidadãos (a Pide), uma religião oficiosa (em que deixou de acreditar), um paternalismo circunstancial (de solteirão), uma modéstia de escala: "A mania das grandezas prejudica todas as nossas iniciativas", justificava.
A sua projecção internacional deu-se ao conseguir a neutralidade de Portugal e Espanha na Segunda Guerra Mundial. O apoio de Franco, a anuência da Grã-Bretanha, a importância geoestratégica dos Açores, a qualidade do nosso volfrâmio, a habilidade da sua diplomacia e a desistência de Hitler em invadir a Península Ibérica pesaram no êxito dessa estratégia.
A ditadura portuguesa seria, na Europa de então, a única que não era de militares, mas de professores universitários. Um dos objectivos mais curiosos conseguidos por ele foi o da construção do seu mito pessoal. Perspicaz encenador do teatro político (era atento a Amélia Rey-Colaço), ergueu esse mito pela distância, pelo silêncio, numa inacessibilidade geradora de temor, de mistério, de abstracção – maneira dificílima de ser em ausência.


Quase nunca utilizou a televisão e, com a rádio, foi parco no fazê-lo. Cumprimentava tirando o chapéu para não apertar mãos a outros. Durante muito tempo hesitou em deixar-se entrevistar por António Ferro; as raras entrevistas que concedeu foram-no, aliás, a jornais estrangeiros que os portugueses, depois, transcreviam; a única biografia em que colaborou (excelente, por sinal) pertenceu a uma francesa, a sofisticada jornalista e escritora Christine Garnier.
Meio Fascismo ou Fascismo em segunda mão?
Eduardo Lourenço perturbaria a inteligência instituída ao insinuar no livro O Fascismo Nunca Existiu que ele, fascismo, existiu em negação, através de um autoritarismo enfático e burocrático - ideia subscrita por, entre outros, Mário Soares, Sá Carneiro, Sottomayor Cardia, Henrique de Barros.
Eduardo Lourenço acrescentava, entretanto, não ter sido o Estado Novo a inculcar, como se propalava, o terror fascizante entre nós, mas a Inquisição, anterior a ele e mais grave, muitíssimo mais grave do que ele. O Santo Ofício (da Igreja Católica) lançou, na verdade, o desígnio de, pelo fogo, pela tortura, pelo assassínio, pela demência, arrancar-nos a alma (original) e substituí-la por pias bentas, castradoras de liberdades, de dignidades.
Séculos, gerações, culturas, ideologias de medo, de submissão, de perseguição fizeram o que somos, infantilizando-nos, adoecendo-nos a tal ponto que os regimes de democracia não foram capazes de resgatar-nos. Ainda.
"Mesmo os que se julgam muito progressistas continuam a trazer dentro de si um fanático e um beato", prevenia Antero de Quental. De idêntico aceramento, Jorge de Sena anotava ter-se "o fascismo português acantonado na burocracia e na sacristia", "não parecendo haver revolução que o elimine". Ainda.
Admitindo não ter existido um verdadeiro fascismo - quando muito tivemos, segundo alguns, um meio fascismo, um fascismo em segunda mão, um fascismo turístico na expressão de Natália Correia - suportamos, no entanto, um autoritarismo concreto, duro, condicionador do desenvolvimento mental, económico, cívico do país. Salazar justificava a rigidez da austeridade afirmando que "desenvolvimento não significa só por si progresso, podendo significar o contrário, enriquecimento de minorias e empobrecimento de maiorias, maiores fossos e injustiças sociais, indiferentemente dos regimes existente".

Repudiando a democracia (nivela tudo por baixo), recusando o socialismo (anula o indivíduo), distanciando o capitalismo (torna o homem um meio, não um fim), ele tentou uma terceira via, a do corporativismo, apoiada na pequena propriedade, no campo (com excepção do Alentejo), e no pequeno comércio (familiar, de bairro) nas cidades. A indústria e o operariado ficavam em cinturas convenientemente vigiadas.
Salazar fascinado por António Ferro
Durante algum tempo Salazar interessa-se pela política de Mussolini - muito por influência de Ferro, que o entrevistara - mas logo a afasta, enfadado com o seu exibicionismo. A célebre foto (autografada) do Duce, que esteve na sua secretária durante um mês, seria levada por D. Maria, a irascível guardiã de São Bento, para a cave do edifício.
Nacionalista e cosmopolita, memorialista e futurista, António Ferro conciliou capacidades invulgares de organização e criação, sendo dele algum do charme, na fase inicial, do Estado Novo. O presidente do Conselho utilizou-o e fingiu deixar-se utilizar por ele enquanto lhe interessou. Ferro tinha o mundo, a desenvoltura, a vitalidade, a criatividade que ele, Salazar, não tinha – e isso fascinava-o, incomodava-o.
Portugal conhece nessa época vultos cimeiros da cultura, generosamente apoiados por António Ferro sem discriminações ideológicas, religiosas, culturais, sexuais. Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Pascoaes, Amália, Vieira da Silva, António Botto, Sá-Carneiro, Sarah Afonso, António Lopes Ribeiro, Amélia Rey-Colaço, Guilhermina Suggia, Bernardo Marques, Maria Keil, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca, e outros, constituem uma plêiade de excepcionais como jamais voltou a haver.
A indecência dos painéis de Almada
Perspicaz, o chefe do Governo não interferiu. Fernanda de Castro, notável poetisa (mulher de António Ferro) contava-nos que em certa ocasião Salazar, consciente das suas limitações em questões de arte moderna, pediu a Ferro que fosse à Gare de Conde Óbidos ver o que Almada estava lá a pintar pois Duarte Pacheco, indignado, havia-lhe dito que eram uma indecência os seus painéis, devendo ser destruídos. Ferro foi,
viu, regressou e disse, "são uma obra-prima". "Então que fiquem", determinou Salazar. Ficaram.
Salazar castigou Aristides
De porte aristocrático, Salazar não era propriamente um mundano (detestava multidões), um racista (entre os seus melhores amigos figurava o médico moçambicano Manuel Nazaré), um beato (perdeu a fé aos 25 anos, não se confessava, não sublinhava Fátima), um misógino (rodeou-se sempre de mulheres apesar de permitir a sua secundarização), um homofóbico (trabalhou e conviveu com homossexuais, embora não impedisse a sua discriminação), um anti-semita (acolheu milhares de judeus em Portugal mas, com receio de Hitler, castigou Aristides de Sousa Mendes), não era ingénuo, nem optimista, nem alegre – tinha dos olhares mais tristes que vi até hoje.
A modéstia fez-se-lhe orgulho, a inacessibilidade trono. Querendo um adversário à altura, dilatou Álvaro Cunhal; necessitando de um inimigo para unir os seus, ensanguentou o Partido Comunista. "O poder pessoal tem seduções a que é difícil resistir", reconhecerá.

Possuía um sentido de humor subtil, próprio dos muito inteligentes. Manuel Nazaré gostava de, dele, contar: Numa tarde de Agosto, no Forte de Santo António do Estoril, recebeu um ministro a quem entregou, ao sentarem-se, uma manta de lã. Surpreendido, o visado exclamou, obrigado senhor presidente, mas não é preciso, está até muito calor! Sibilino, Salazar respondeu-lhe, aceite, aceite que quando ouvir o que tenho para dizer-lhe vai ficar gelado.
Em São Bento, procurado pelo criador do Instituto Português do Cancro, actual Instituto Português de Oncologia, seu adversário político em risco de ser substituído, Salazar, depois de ouvi-lo, assegura-lhe, esteja descansado pois enquanto eu estivar no poder ninguém lhe toca, agora quando forem os seus correligionários a mandar, não sei.
A visão de uma 3ª Guerra mundial
As manchas negras do Estado Novo situam-se na repressão das ideias, da criatividade, da liberdade de expressão, no campo do Tarrafal, no forte de Peniche, no presídio de Caxias, nos curros do Aljube, nos tribunais plenários (as medidas de segurança podiam significar prisão perpétua), na Pide, na Censura Prévia, na intransigência ultramarina, mecanismos de perseguição e anulação enviesados pelos pequenos poderes dos pequenos servidores do regime.
Quando perguntado porque mantinha, sem saída, o conflito africano, justificava dizendo ir dar se na década de 60 uma terceira guerra mundial, aniquiladora da União Soviética e dos Estados Unidos, da qual surgiria uma nova ordem internacional favorável a Portugal e ao seu império. Esteve, com a crise dos mísseis de Cuba, para acontecer. Não tendo ocorrido, passou a argumentar (revelar-me-iam os generais Costa Gomes e Kaúlza de Arriaga, e os embaixadores Franco Nogueira e António Leite Faria) que o bloco soviético, era uma questão de esperar, implodiria em breve - implodiu três décadas depois.
Conversando com Manuel Nazaré, pergunta-lhe, "acha que eu sou muito reaccionário, e fascista?" Gozão, o médico atira-lhe, "os seus inimigos acham que sim, e coisas muito piores". Salazar entupiu. Depois exclamou: "Penso que não sou, o que se passa é que os portugueses são, na sua maioria, reaccionários, alguns mesmo fascistas. Ora eu tenho de governar para eles, e com eles. Se o não fizer mudam-me. Não mudaram.
Mudado foi António Ferro. A ideia de Portugal que ambicionava divergia da do presidente do Conselho pelo que, na sequência da guerra fria, ficou sem espaço. Sonhador, chegara a pensar, "talvez haja poesia na rima clara e sonora das contas certas". Viu-se.

António Salazar e o Presidente dos EUA Eisenhower

António Salazar e a Rainha Isabel II
Os labirintos de Salazar segundo E. Lourenço
A maioria dos artistas "não defendia, directamente, a cultura do Estado Novo, defendia a cultura do País, mas para o fazer não podia hostilizar o regime", sintetizava-nos António Quadros, um dos grandes vultos da moderna filosofia portuguesa, filho de António Ferro e Fernanda de Castro.
Salazar moveu-se sempre, como Eduardo Lourenço assinalou, em labirintos: o da vida pessoal, o da situação do país, o dos ataques da oposição, o da duplicidade da Igreja, o da arrogância das potências internacionais, o dos conflitos coloniais.
Uma guerra o distinguiu, a Segunda Mundial, uma guerra o diluiu, a de África. "Não quero imaginar a confusão em que isto vai ficar quando eu desaparecer", desabafava no final da vida. "Temo mesmo que Portugal, como outros países, possa desaparecer no próximo século".
Fernando Dacosta
Actualização eleições em Nova Iorque - Edição 03 a 09 Novembro sujeita a actualizações diárias
Nova Iorque derrota Trump
ICE, Natanyahu, gigantes tecnológicos e promotores imobiliários serão afectados
A grande vitória inesperada de Zohran deixa Trump numa situação política muito difícil. O novo perfeito tem um programa que contraria todas as medidas de Trump. E vence no território onde o presidente americano construiu um império imobiliário gigantesco.
Um dos principais alvos de Zohran é o ICE, a polícia que persegue os imigrantes, como os ingleses e irlandeses fizeram com os índios nos últimos 250 anos. Trump já não é bem-vindo na maior cidade americana e emblemática no mundo.

Zohran Mamdani foi eleito prefeito de Nova York, é o 110 º presidente da câmara, o primeiro socialista e muçulmano. Zohran venceu as primeiras eleições de grande impacto do segundo mandato de Donald Trump. Teve o apoio do ex-presidente Barak Obama.
Zohran entrou na disputa no ano passado praticamente como uma figura desconhecida do público, com pouco dinheiro e sem apoio institucional do Partido Democrata.
Ele é o prefeito mais jovem da cidade desde 1892, o primeiro muçulmano e o primeiro nascido na África.
Em discurso após a vitória, o prefeito eleito de Nova York provocou o atual presidente dos Estados Unidos:
"Donald Trump, eu sei que você está assistindo. Só tenho quatro palavras para você: Aumente o volume!", exclamou o presidente eleito, deixando claro que vai confrontar o presidente americano.
"Para chegar a qualquer um de nós, você terá que passar por cima de todos nós", prosseguiu. "É assim que vamos parar não só Trump, mas é assim que vamos parar quem vier depois dele." (com recurso a texto à BBC)
Ministra da Saúde no Teatro de Revista
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Ana Paula Martins, ministra da Saúde seria estraçalhada no tempo em que os lisboetas preferiam o Teatro de Revista ao estúpido Tik-Tok.
A ministra é um "boneco" sem palco, sem direito ao riso, que nos empanturrava no Parque Mayer.
Em tempos tivemos o INEM a 2 minutos de distância, hoje é uma roleta russa no casino dos hospitais, Mellos, helios e por aí fora.
O primeiro sinal do fim do INEM apareceu na morte de Carlos Amaral Dias, no centro de Lisboa e a 5 minutos do primeiro hospital. A ambulância não funcionava. E e nada funcionou, incluindo a filha que se farta de falar.
Há anos entrevistei esta senhoras numa grande reportagem de 30 minutos da RTP, sobre farmácias, intilutada "Uma Dor de Cabeça", no Linha da Frente, e percebi de imediato ser Ana Paula Martins um descalabro onde quer que pousasse.
Não faz sentido justificar uma morte (que já levou ao pedido de demissão do Conselho de Administração do Hospital Amadora-Sintra) evocando a nacionalidade da grávida vitima, ou ainda por ser pobre ou por não ter telemóvel. Não se diz... nem se pensa. josé ramos e ramos

grande reportagem "O Juiz" RTP Linha da Frente link:
https://youtu.be/ZR6wNLp1s6c?si=dsE1R6lZeZkiaz7j

Socrates "o mártir"
O advogado Pedro Delille renunciou à defesa de José Sócrates declarando: "repudio e recuso participar e validar, mais um minuto, neste simulacro de julgamento, neste julgamento a brincar".
Mais de 11 anos de investigação e de processo judicial fazem de José Sócrates um mártir do sistema judicial português.
O "menino de ouro" do PS foi acusado pelo juiz Carlos Alexandre - que na reportagem da RTP "O Juiz" (Linha da Frente, 30 minutos) confessou ter sido ameaçado no início da sua carreira no TICÃO, por alguém dizendo: "meta-se com pessoas do seu tamanho (ele é baixo) se quer ter o seu ordenado ao fim do mês"
Quem é a mão por detrás do arbusto da Justiça, que ameaça um juiz que depois manda prender um ex-primeiro ministro?
E afinal que trapalhada foi o erro do computador na atribuição do processo a Ivo Rosa. E porque razão o juiz Carlos Alexandre faltou nesse dia ao sorteio. O "tinha de ser, então foi" do Juiz Carlos Alexandre (na reportagem de TV acima citada) levanta ainda mais dúvidas. E agora sabe-se que Ivo Rosa foi investigado por 3 anos que o próprio está a ser impedido de consultar o seu processo.
Justiça tem de ir a votos do Povo. Tal como acontece com a Assembleia da República e o Presidente da República.
O resto é conversa.
Em Lisboa
Um dos maiores palácios da Europa está abandonado

A página da internet GG Photography revela-nos o abandono do histórico Palácio Burnay, em Lisboa, através do olhar certeiro de Gonçalo Gouveia. Ao longo dos últimos anos este técnico de informática tem divulgado, no urbex, dezenas de importantes locais abandonados na Europa
O imóvel em causa, localizado na zona da Junqueira, em Lisboa, assistiu ao longo dos últimos três séculos a acontecimentos marcantes.
O seu mais célebre detentor foi o Conde de Burnay, banqueiro, empresário e político, que o adquiriu, restaurou e decorou com inúmeras preciosidades. Ao longo de 25 anos, de 1883 a 1909, o aristocrata comprou, essencialmente em França, pinturas, esculturas, cerâmicas, têxteis, mobiliários e ourivesaria. A sua morte, em 1909, e a da mulher, em 1924, provocaram complexas partilhas entre filhos e netos.
O Estado não autorizou o leilão da sua colecção em Londres ou em Paris. A família, descontente, viu-se obrigada a leiloar o acervo em 1936. Foi um grande evento que atraiu inúmeros marchands e colecionadores da Europa, engalanando durante meses a fachada da leiloeira. No interior, multidões pagaram bilhetes para observar o palácio e as colecções, como era hábito na época.Foi um dos maiores eventos do género realizados em Portugal, apenas comparável ao das colecções do Marquês da Foz e do Conde Daupiaz.
Santo Agostinho de Pierro della Francesca
O governo português concedeu então a verba de 2.165 contos (o equivalente a 5 milhões de euros) para adquirir as principais obras de arte. O Estado optou por 100 lotes, perante a desilusão de antiquários e colecionadores, que distribuiu por museus e palácios nacionais. Entre as obras cimeiras encontram-se o painel de Santo Agostinho, obra-prima de Pierro della Francesca. Nos móveis destaca-se um raríssimo contador indo-português de influência mogol, séculos XVI XVII.
Nos têxteis evidenciam-se diversas colchas indo-portuguesas, chinesas e de Castelo Branco, tapetes persas de Herat e tapeçarias flamengas. Muitas destas obras integram a exposição permanente do Museu de Arte Antiga. Após o leilão, o Palácio Burnay ficou desabitado e vazio até que o Conde o adquiriu empreendendo obras

https://youtu.be/COmYSfmze4o?si=IdbaAHGKSFSGPyS2
dirigidas por Nicola Bigaglia. As salas foram engrandecidas com estuques de Rodrigues Pitam, tendo a escadaria sido inspirada no Palácio de Buckingham. Os tectos e as paredes foram pintados por Ordoñez e José Malhoa.
O Palácio Burnay está nos nossos dias ao abandono. Nas últimas décadas albergou o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e o Instituto de Investigação Científica e Tropical. A antiga Sala de Jantar ostenta um magnífico tecto naturalista de Malhoa sobre estuque; a Sala de Baile apresenta um tecto de estuque com meninos a tocar instrumentos musicais e, nas paredes, telas naturalista de Ordonez - entretanto roubadas.
Os jardins perderam a imponência de outros tempos, bem como a antiga estufa, em declínio. Na sua decadência adivinha-se uma grandeza rara entre nós, sendo actualmente um dos maiores palácios abandonados da Europa, apenas comparável ao Castelo dos Marqueses de Fayolle, em França.
TEATRO EM CASA
com La Féria

Filipe La Féria assinala o 120º aniversário de Antoine de Saint-Éxupery levando até casa do público o espetáculo "O Principezinho - O Musical", em formato digital.
Numa versão musical Filipe La Féria criou um espetáculo para toda a família aliando a poesia, o imaginário as imagens de Saint-Exupéry e a mais recente tecnologia de vídeo na construção de atmosferas surpreendentes da magia através da sensibilidade e a filosofia do autor, com personagens plenas de simbolismos: a Raposa, a Flor, o Rei, o Homem de Negócios, o Vaidoso Solitário, a Serpente entre outros.
O Principezinho vivia sozinho num pequeno planeta com três vulcões. No planeta havia uma formosa flor de grande beleza mas muito vaidosa. Foi a vaidade da rosa que fez entristecer o Principezinho e o levou a começar uma viagem que o trouxe ao planeta Terra onde encontrou diversas personagens a partir das quais conseguiu descobrir o segredo do que é realmente importante na vida.
TRAQUEM O POVO EM CASA
A ideia parece excelente, mas continua a colar o Povo ao sofá, em vez de a malta ir ao Teatro, e falar, e apanhar o Metro, e aplaudir os actores felizes.
A Lisboa é do tamanho de Cascais a Vila Franca, de Bucelas a Palmela. Não há transporte colectivo que resista e Teatro que sobreviva. O automóvel e a construção "à la carte" descontinuaram a cidade. Ver o Principezinho no computador custa 7 euros. Coisa barata que um dia há-de sair cara. jrr
Portugal tem a melhor colecção de arte angolana


A melhor colecção do mundo de arte angolana, composta por centenas de peças, encontra-se há muito no nosso País, guardada no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, resultando de aquisições, transferências e ofertas efectuadas a partir de 1947.
A oportunidade da sua revelação internacional ocorreu através da exposição "Escultura Angolana-Memorial de Culturas", organizada em 1994 no âmbito das actividades de Lisboa - Capital Europeia da Cultura. O evento, composto por 250 espécies, teve uma enorme repercussão mundial e uma invulgar aderência de visitantes. Como consequência, o Museu de Etnologia passou a ser frequentado por inúmeros especialistas em arte africana, surpreendidos pela raridade, qualidade e diversidade do seu acervo.
O interesse despertado levou à organização da retrospectiva intitulada "Na Presença dos Espíritos" que foi apresentada nos Estados Undos, sucessivamente no Museum for African Art de Nova Iorque, no Flint Institution of Arts do Michigan, no Smithsonian Institte de Washington e, por fim, no Birmingham Museum de Alabama.
As exposições revelaram, segundo o seu comissário Frank Herreman, "as variadas facetas da herança africana que não cessam nunca de nos surpreender e maravilhar".
Através do espólio de Lisboa podemos percorrer as vivências, os rituais e as tradições de todas as etnias angolanas. Nelas destacam-se as esculturas dos deuses locais, as máscaras usadas em cerimónias sagradas, os bancos como tronos dos reis, os bastões dos chefes tribais, as estelas funerárias e os objectos de uso quotidiano como ornamentos, cachimbos e pentes.
Para os especialistas internacionais, o espólio do museu português é superior ao existente no Museu do Homem de Paris, considerado um dos maiores centros de estudo da civilização africana. António Brás
Ó graciosa mete a terceira


De tão agradecido aos que me tomam por alegre chega a hora de confessar-me como alegórico, que sempre desfilei avenida acima em fado popular.
E o que das graças furtei à falta de piada só a mim diz respeito e concerne, em alergia fugidia de calão de calões. Estou com
quem se lembra e compara. Com quem sabe da lição de ter esquecido. Com os que nem em píncel ou à brocha se estão nas tintas de não ser entendidos à primeira.
Ou à segunda. Ou como dizem os amigos açorianos 'ó graciosa, mete a terceira'. Que como um tonto mal achado no baldio sou um ilhéu que ainda se pergunta para que lado fica o mar.


Música em Queluz




O bom humor não preço





Rita Matias: goesa à portuguesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rita_Matias
A deputada Rita Matias aponta a espada aos imigrantes mas afinal é filha de indianos, mas da Índia portuguesa, ressalva (lê-se no seu perfil na Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Rita_Matias):
"Neta de uma moçambicana de origem Goesa, filha de um casal católico natural de Goa no território da Índia Portuguesa, que emigrou para Moçambique durante o período colonial. Após a descolonização de África, a avó materna fixou-se em Portugal, trazendo consigo esta componente luso-asiática da linhagem familiar. Esta ascendência, amplamente apontada em fóruns públicos, traduz uma herança luso‑indiana e africana por via materna."
Dois quilómetros ao lado (em Belgaum, Hubli ou Kadwad) e era filha da Índia indiana. E viva o Benfica!

JB: a pior altura para morrer
Balsemão morreu na pior altura, sem deixar uma solução para o assustador declínio do jornal Expresso, fundamental para a Democracia portuguesa. Os jornais fazem tanta falta como o pão de cada dia.
O Expresso caiu desde 2011. Dos 140 mil exemplares está agora em 35 mil. Um valor insuficiente para pagar água, luz e vencimentos de jornalistas. Mais de 60 por cento do preço de capa é consumido de imediato pela Impressão e distribuição. E publicidade já não há.
Balsemão já tinha entregue um império de títulos a Luís Delgado, que também não os consegui aguentar. Em Balsemão residia a esperança de inventar um novo modelo de negócio que salvasse a Imprensa.
Sem Imprensa não há liberdade e morre a Democracia.
Restará o Facebook. Mas o Face é como um pai tirar um dente de leite a um filho e depois gabar-se de ser dentista. E Estamos nisto. Pior que a crise na Imprensa, só a crise climática. jb

JB: o fim das garagens
Já não é necessário ter uma garagem para fundar uma gigante tecnológica com a Apple, a Microsoft ou até a Amazon. Basta ter um quarto como aconteceu Mark Zuckerberg do Facebook.
A narrativa das multinacionais americanas obrigava à idade de 18 anos, ao convite a vários amigos descrentes e ao arrendamento de uma garagem isolada da habitação. E zás! Num ano já existia uma muralha de computadores de 300 km por 3 metros de altura. Tudo muito simples.
Musk quebrou essa narrativa. É emigrante da Africa do Sul. Mark Zuckerberg preferiu colocar no currículo um quarto.
E depois? Em meia dúzia de anos sentam-se todos à mesa do presidente americano de serviço. Quer grandes histórias. jb
Cartoonistas de olho em Trump






o que a infância pedia às andorinhas - Natália Correia








