
BOTEQUIM
3ª Actualização Edição de 22 a 28 de Setembro sujeita a actualizações diárias (usamos IA e Wiki nas pesquisas)
O diabo tem nome: Bezalel Smotrich e quer construir resort em Gaza

Um video de Bezalel Smotrich confirmou o pior cenário para Gaza: Israel bombardeia há 2 anos a Faixa de Gaza para lá poder montar um negócio imobiliário, segundo o ministro das finanças israelitas.
O video foi publicado pela BBC e mostra Bezalel Smotrich a rir (acompanhado nas gargalhadas pela assistência) por ter arrasado a Faixa de Gaza, dizendo que Trump tem em cima da mesa um plano para um grande negócio imobiliário.
Trump já fez aliás declarações no sentido uma futura Riviera (turistico-imobiliária) em Gaza.
A satisfação do ministro levanta agora dúvidas sobre a verdade de todos os acontecimentos do ataque a Israel, ignorado pelo forças armadas israelitas durante longas horas.
Com as suas declarações Bezalel destaca-se como um verdadeiro demónio, homem sem coração, crente incondicional da crença do povo eleito por deus, os Hebreus, e da aliança descrita nos 5 primeiros livros da bíblia.
Se o diabo existe, o seu nome é Bezabel Smotrich, mora nas Terras de Canan, que os Britânicos ofereceram aos Judeus e ao mesmo tempo prometeram aos Árabes, se estes lutassem contra o Império Otomano.

Em resumo, a figura do diabo é um amálgama de mitos e personagens de diferentes culturas. A sua forma mais conhecida, como o anjo caído e líder das forças do mal, foi moldada e consolidada principalmente pelo cristianismo ao longo de sua história. in gemini
A figura do diabo, como a conhecemos hoje, não foi inventada por uma única pessoa, mas sim desenvolvida e transformada ao longo de milhares de anos por várias culturas e religiões. É um conceito complexo que evoluiu a partir de diferentes mitologias e crenças.
O diabo nasceu há 4 mil anos
A Origem do Mal nas Religiões A ideia de uma força oposta ao bem existe em muitas tradições antigas.
Por exemplo: Zoroastrismo: Esta religião persa, uma das mais antigas do mundo (2 milanos AC) introduziu a ideia de um dualismo cósmico entre o bem (Ahura Mazda) e o mal (Angra Mainyu). Angra Mainyu, o "espírito destrutivo", é uma das primeiras figuras a personificar o mal de forma tão clara.
A Evolução na Tradição Judaico-Cristã
O conceito de um adversário divino ganhou forma mais definida nas tradições judaicas, cristãs e islâmicas.
No Judaísmo: A palavra hebraica "Satan" (do hebraico, ha-satan) significa "adversário" ou "acusador". No Antigo Testamento, Satan não é um ser maligno independente, mas sim um anjo de Deus que testa a fé das pessoas, como no Livro de Jó. Ele age a serviço de Deus.
No Cristianismo: Foi o cristianismo que transformou Satan em uma figura de maldade absoluta. Nos textos do Novo Testamento, ele é identificado como o líder dos anjos caídos, o tentador de Jesus e a origem do pecado. A figura de Lúcifer, o "anjo da manhã" que se rebelou contra Deus, foi popularizada por teólogos e poetas, especialmente na Idade Média. Essa fusão de Satan com Lúcifer solidificou a imagem do diabo como o principal inimigo de Deus e da humanidade.
No Islã: No Alcorão, Iblis ou Shaytan é uma figura semelhante. Ele era um jinn (um ser de fogo) que se recusou a se curvar a Adão por arrogância, sendo expulso do paraíso. Ele é visto como o tentador que sussurra más intenções aos corações humanos.
2ª Actualização Edição de 22 a 28 de Setembro sujeita a actualizações diárias (usamos IA e Wiki nas pesquisas)
Aumenta a tensão no Mediterrâneo
A situação no Mediterrâneo oriental é agora explosiva depois de Itália ter enviado um navio de guerra para escoltar barcos italianos da Flotilha que se dirige para Gaza, agora um Estado independente.
Poderá acontecer o pior quando Israel atacar a Flotilha ou enviar sabotadores marítimos. A presença de meios navais italianos é anunciada por uma emissora indiana de televisão.
Analista consideram muito perigoso um conflito no Mediterrâneo, perto da base naval russa na Síria.
O Holocausto do Povo Palestino
Pela primeira vez Miguel Sousa Tavares fala em Holocausto do Povo Palestino, abandonando a forma suave de "Genocídio". Foi na sua habitual entrevista na TVI, onde tece também duras críticas à liderança europeia e à posição da Grã-Bretanha face a Donald Trump
Governo italiano em alerta
Em Itália sucedem-se atos de vandalismo. A agitação na Europa já era esperada, desde que Meloni criticou Natanyahu, acusando-o de cometer um genocídio contra 2,5 milhões de palestinianos em Gaza.
As manifestações de apoio ao Povo Palestino transformaram-se em violentos confrontos com a polícia em Milão. E poderá acontecer o mesmo noutras cidades.
Quem apoia uma ideia pacífica não pode ser quem provoca violentos tumultos, critica o governo italiano.
Ao mesmo tempo Israel bombardeia a cidade de Gaza, já arrasada por dois anos de chuva de bombas israelitas. As forças armadas de Israel têm 620 aviões.
No video a Frota Israelense podemos ter uma dimensão da frota aérea, que do lado Palestino não tem uma única aeronave.
A Flotilha por Gaza voltou a ser atacada por drones. Estes ataques vão agora levantar sérios problema a nível do Direito Internacional, uma vez que 154 países já reconheceram de formalmente o Estado da Palestina, entre eles Portugal.
Um ataque a um barco com bandeira nacional poderá de imediato ser considerado um ato de guerra. Entre os países que reconheceram o Estado da Palestina estão a Grã-Bretanha, França, Espanha, Bélgica, Irlanda, Austrália.
O Holocasto
do Povo Palestino
Uma breve histórias (documentada num video casual ) de duas crianças sozinhas no meio de uma invasão cruel sustentada pela Bíblia.
No livro sagrado dos Judeus está escrito que só o Povo Judaico se salvará no fim dos tempos. Trata-se de um acordo selado com a famosa Arca da Aliança. O Judeismo, o Cristianismo e o Islamismo são três religiões Abraâmicas que, na sua luta pela supremacia, têm causado os grandes males do mundo.
José Saramago, lê a Bíblia
e perdes a fé!
Actualizada (Já não há limões) Edição de 22 a 28 de Setembro sujeita a actualizações diárias (usamos IA e Wikipédia nas pesquisas)
Portugal num futuro ibérico
Com inesperada frontalidade Durão Barroso, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e ex- primeiro ministro, afirmou que Portugal é hoje o país mais pobre da Europa Ocidental, já ultrapassado pelos da antiga União Soviética.
Referindo saídas para um possível futuro, preconizou a formação, pelo seu potencial económico e cultural, de uma comunidade de povos ibéricos na qual seriamos motor, não passageiros.

O iberismo que propõe não significaria, assim, a integração de Portugal na Espanha (como preconizaram no passado alguns iberistas), mas a constituição de um bloco de nações ibéricas independentes, como entendiam, entre outros, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva e Natália Correia.
Esta criaria mesmo o conceito de ibericismo (para se desligar do de iberismo) tendo escrito, a propósito, o notável ensaio Somos todos Hespanos.
A perspectiva agora retomada por Durão Barroso emergiu - vale a pena lembrá-lo - quando, regressado de intensa estadia em Espanha, Agostinho da Silva se encontrou, em Dezembro de 1934, no Martinho da Arcada com Fernando Pessoa.
Durante 10 meses, até 27 de Novembro de 1935 (Pessoa morreria dois dias depois), ambos se interessaram a fundo sobre o futuro de Portugal, do seu império e da sua posição internacional.
O autor da Mensagem publicara, entretanto, no Jornal um texto onde afirmava que para o futuro do País as colónias não só não serão precisas para nada como constituirão um forte empecilho.
E especificaria que "só as línguas dos povos que criam impérios têm direito ao futuro. Nós criámos civilização, e não simplesmente a vivemos e a exploramos, pois a recriámos pela escrita".
Isso numa altura em que monárquicos e republicanos, situacionistas e opositores, intelectuais e analfabetos eram, na sequência do Ulimatum Inglês, colonialistas. Pessoa só não foi maçado porque, à época, não lhe davam importância.
Deu-lha, porém, e decisiva, Agostinho da Silva, sobretudo a partir da sua frase, "A minha pátria é a língua portuguesa". Os dois privilegiariam a importância desse património porque seria ele, perdido o império, a ligar-nos
mutuamente. Radicado no Brasil, ele começa a desenvolver estruturas nesse sentido, apoiado pelos presidentes Juscelino Kubicheck de Oliveira e Jânio Quadros- influenciando líderes africanos como Agostinho Neto,Amílcar Cabral e Eduardo Mondlane.
As suas ideias, que incluíam os países de língua espanhola, impressionaram Adriano Moreira, Marcelo Caetano, Franco Nogueira e o próprio Salazar. Numa reacção surpreendente, o Presidente do Conselho gizou um plano para Agostinho da Silva vir secretamente, estava na lista negra da Pide, a Lisboa.
Veio e foi detido no aeroporto. O embaixador Franco Nogueira, ministro dos Negócios Estrangeiros, teve de libertá-lo à socapa. O diálogo com o governo tornou-se, porém, inviável pois a essência dessa Comunidade Ibérica exigia a independência das colónias portuguesas e das regiões espanholas .
Após o 25 de Abril, Agostinho da Silva, já radicado entre nós, reformula, seguido pelo presidente José Sarney e pelo embaixador Costa e Silva, do Brasil, o projecto em causa no sentido de fazer evoluir a CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa, então criada, para CPLI, Comunidade de Países de Línguas Ibéricas.
Esse bloco será o único, sublinhará Agostinho da Silva, "capaz de ombrear com o asiático (China, Rússia, Índia, Paquistão), com a vantagem de ser muito rico (em minérios, gás, petróleo, diamantes, etc.), muito jovem (a maioria das suas populações africanas e americanas tem menos de 25 anos) e muito criativo - numa altura em que o bloco da URSS implodiu e o da EUA vai no mesmo caminho.
O único político que, então, entendeu o projecto foi António Ramalho Eanes cuja primeira visita oficial como Presidente da República foi a África. No Maputo, Samora Machel, apontando-o aos moçambicanos, dirá: "Camaradas, apresento-vos o nosso antigo patrão!" Inteligente, pretendia dessa maneira indicar, com subtiliza, um futuro a nascer.
Os poderes emergentes em Portugal não consideraram esse futuro e, prestes, o trocaram pelo da Comunidade Europeia. Ainda haverá condições para o relançar?

Autores pelo Iberismo,
de Antero de Quental a Saramago

Antero de Quental foi um escritor, poeta e filósofo português do século XIX e grande adepto do Iberismo.
Ele escreveu principalmente poesia, sendo sua obra mais conhecida o livro de sonetos "Sonetos Completos". Além disso, ele foi um dos líderes da Geração de 70, um movimento intelectual em Portugal que defendia o progresso social e científico.
A obra mais importante e reconhecida de Antero de Quental é "Sonetos Completos".
Publicada em 1886, esta coletânea de sonetos é considerada o ponto alto de sua produção poética. A obra reflete a maturidade filosófica e o pessimismo do autor, abordando temas como o sentido da vida, a busca pela transcendência, a solidão, a dor e a morte.
Além de sua relevância literária, os sonetos de Antero de Quental são um marco do Realismo-Naturalismo em Portugal, pois, embora usem a forma clássica do soneto, rompem com o sentimentalismo romântico e mergulham em uma introspecção profunda e existencial.

A posição de Antero de Quental sobre o iberismo foi um ponto crucial de sua vida e pensamento, embora tenha evoluído ao longo do tempo.
Da República Federal à desilusão
Inicialmente, ele foi um fervoroso defensor do iberismo como um projeto político. Em seu ensaio "Portugal perante a Revolução de Espanha" (1868), Antero argumentou que a união de Portugal com a Espanha em uma república federal era a única forma de o país superar o seu atraso e abraçar os ideais do progresso social e da modernidade. Para ele, o princípio da nacionalidade era menos importante do que os ideais de liberdade e justiça social que a união poderia proporcionar.
No entanto, essa fase de entusiasmo político foi seguida por uma profunda desilusão. A instabilidade política em Espanha e o fracasso do projeto republicano fizeram com que Antero abandonasse a defesa de uma união política. Ele percebeu que a realidade dos países ibéricos era mais complexa do que seus ideais de juventude.
Apesar de ter-se afastado do iberismo político, Antero de Quental manteve sempre uma visão de iberismo cultural. Ele via Portugal e Espanha como parte de um tronco cultural comum, com uma história e um destino partilhados, e essa ideia influenciou boa parte de seu pensamento e de seu círculo intelectual, a Geração de 70.
Principais Obras
"Odes Modernas" (1865): Publicado na juventude de Antero, este livro é uma afirmação de ideais socialistas e revolucionários. A obra é combativa e cheia de otimismo na capacidade do homem para construir um futuro melhor. Reflete a sua fase de ativismo político e a crença no progresso.
"Sonetos Completos" (1886): Considerada a sua obra-prima. Esta coletânea de sonetos é o ponto alto da sua produção poética e marca uma viragem radical na sua visão do mundo. Aqui, o otimismo das "Odes Modernas" dá lugar a um profundo pessimismo e a uma introspeção filosófica. O autor explora temas como a morte, a solidão, o sentido da vida, o sofrimento e a busca por um sentido de transcendência. A sua poesia torna-se mais mística e existencial.
"Portugal perante a Revolução de Espanha" (1868): Um ensaio onde Antero defende a ideia do Iberismo, ou seja, a união de Portugal com a Espanha numa república federal. Ele via essa união como a única forma de modernizar o país e superar o conservadorismo. Com o tempo, essa posição política foi abandonada, mas a obra continua a ser um documento importante do seu pensamento político inicial.
"Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos" (1871): Este ensaio, que serviu de conferência no Casino de Lisboa, é um dos textos centrais da chamada Geração de 70. Nele, Antero aponta o fanatismo religioso, a Inquisição e o Absolutismo como as principais razões para o atraso e a decadência de Portugal e Espanha. O texto é um apelo à modernização, à ciência e ao liberalismo.
Homem controverso
Antero de Quental é uma figura complexa, cuja obra transita entre o idealismo romântico e o pessimismo existencial. O seu percurso intelectual, do ativismo político à reclusão filosófica, é um dos mais fascinantes da literatura portuguesa.
A Jangada de Pedra de Saramago ruma para o iberismo

José Saramago foi um dos mais importantes escritores de língua portuguesa de todos os tempos e um adepto do Iberismo, apontando-se o seu livro "A Jangada de Pedra" como prova disso.
Nasceu em 1922, em Azinhaga, Portugal, ele é mundialmente conhecido por seu estilo de escrita único e por ter recebido o Prêmio Nobel de Literatura em 1998.
O trabalho de Saramago é marcado por uma escrita inovadora e desafiadora. Ele usava frases longas e complexas, sem aspas para os diálogos e com pontuação diferente do padrão. Isso faz com que o leitor precise se concentrar bastante, mas também cria um fluxo narrativo que mistura a voz do narrador com a fala dos personagens. Seus romances frequentemente exploram temas como a natureza humana, a história e a sociedade, usando alegorias e parábolas.
Entre suas obras mais famosas, destacam-se:
Memorial do Convento (1982): um romance histórico que se passa durante a construção do Convento de Mafra.
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984): uma homenagem e uma reflexão sobre a figura de Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa.
O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991): uma polêmica releitura da vida de Jesus, que gerou controvérsia e o levou a se mudar para as Ilhas Canárias.
Ensaio sobre a Cegueira (1995): talvez sua obra mais famosa, é uma alegoria poderosa sobre a perda da moralidade em uma sociedade que, de repente, é atingida por uma "cegueira branca".
A escrita de Saramago é frequentemente descrita como filosófica e crítica, questionando o poder, a fé e o papel do ser humano no mundo. Ele morreu em 2010, deixando um legado imenso para a literatura mundial.

O livro "A Jangada de Pedra", de José Saramago, é uma grande alegoria. A história começa com a Península Ibérica se separando do resto do continente europeu, navegando em direção ao Atlântico. Essa ideia fantástica serve como base para que o autor explore vários temas complexos.
Os principais temas e significados da obra
O livro não tem uma única interpretação, mas os estudiosos e leitores geralmente concordam que Saramago usa essa situação para refletir sobre:
A identidade ibérica: A Península Ibérica (Espanha e Portugal) se afasta da Europa, o que levanta a questão de sua própria identidade. O que define esses países e sua cultura? Eles se sentem verdadeiramente parte da Europa, ou sempre estiveram de alguma forma "à parte"? A jangada de pedra simboliza essa separação geográfica e, ao mesmo tempo, cultural.
O futuro da Europa: Saramago questiona o projeto de unificação europeia. A separação da Península Ibérica representa uma crítica ou um questionamento sobre os rumos da União Europeia. Será que a união é realmente sólida ou pode se fragmentar? A obra sugere que a Europa, como um bloco, é frágil e que a identidade de seus povos pode ser mais forte do que a unidade política.

A busca por um novo rumo: Conforme a Península Ibérica se move, os personagens principais — que têm poderes estranhos e que supostamente causaram o fenômeno — partem em uma jornada pela terra à deriva. Essa viagem é uma metáfora para a busca por um novo propósito ou sentido na vida, tanto para os personagens quanto para a própria sociedade. A incerteza do futuro e a necessidade de se adaptar a uma nova realidade são temas centrais.
A solidariedade e a condição humana: Diante do caos e do pânico, o livro também mostra a capacidade humana de se unir, de criar comunidades e de buscar a solidariedade. Em meio à incerteza, os personagens e a população precisam se reajustar e encontrar novas formas de viver e se relacionar.
Em resumo, "A Jangada de Pedra" é uma fábula moderna que usa um evento impossível para discutir questões muito reais sobre política, identidade, destino e a natureza humana. O livro convida o leitor a pensar sobre as fronteiras, sejam elas geográficas ou culturais, e o que acontece quando elas desaparecem.
A Península Ibérica ao longo dos tempos
Romance no Palácio do Campo Grande
Conde apaixona-se por Severa

A fadista Severa foi o grande amor do Conde do Vimioso, que se manteve indiferente ao escândalo de se ter apaixonado por uma filha de um cigano e de uma taberneira da Mouraria.
Muitas das noites deste romance escaldante foram vividas no Palácio do Campo Grande, hoje menorizado por um gigantesco viaduto da 2ª Circular e por uma enorme churrascaria.
Nos grandes salões do Palácio dos Condes do Vimioso, Severa brilhou sem saraus de fado promovidos pelo conde D. Francisco de Paula de Portugal e Castro.
O conde Francisco Castro conhecera Maria Severa Onofriana, de seu nome completo, nas noites de vadiagem pelos bairros pobres de Lisboa.
Severa nascera em 26 de julho de 1820, no número 33 da Rua da Madragoa. Mas a sua mãe alugou uma taberna na Mouraria, onde ela, já senhorita, passou a cantar e a encantar. Tinha pouco mais de 20 anos e a fama da sua beleza e do seu canto rasgou Lisboa inteira à velocidade de um fósforo.
Sabe-se que Severa morou Rua Direita da Graça, depois no Pátio do Carrasco ao Limoeiro e de seguida no Bairro Alto, na Travessa do Poço da Cidade. Mas foi na Mouraria, no número 35 da Rua do Capelão que fez grande sucesso entre marujos portugueses e ingleses.
O conde Francisco Castro trouxe Severa para o seu belo palácio. Teria ela então uns 22 anos. Perdido de amores, o conde satisfazia-lhe todas as vontades da bela fadista, causando indignação na família, zangada com os rodos de dinheiro gastos.
Decorria o ano de 1846, e Severa cantava no muito belo salão do Palácio do Campo Grande, com paredes de frescos reproduzindo as florestas do Brasil, tal como ainda hoje se mantém.
As noites passavam cheias de amor, até o conde pressentir que alguns amigos tinham olhos gulosos


em cima da sua atraente amante. É muito bela, diziam uns. Canta de forma divina, sussuravam outros. O conde tomou-se então de inesperados e violentos ciúmes e acabou com os saraus e fechou a Severa no palácio.
Com a cumplicidade de um dos criados, ela tentou destrancar-se, mas o conde furioso impediu. Severa não era pessoa de se ficar e o conde sabia disso. A mãe de Severa avisara o conde. Não a prenda, porque ela transforma-se num animal perigoso. E assim aconteceu. Severa saiu do Palácio quase batendo no conde.
A jovem fadista acabou morreu dois anos depois, com apenas 26 anos, vitimada por tuberculose. Foi no dia 30 de Novembro de 1846, faleceu num bordel da Rua do Capelão, na Mouraria. Deram-lhe sepultara no Cemitério do Alto de São João, numa vala comum e sem caixão.
O conde do Vimioso não compareceu ao funeral. Severa morreu sozinha e sozinha foi enterrada. O cangalheiro distraído cantava baixinho um fado, sem saber que era um fado da Severa.
Nota: O Palácio dos Condes do Vimioso noCampo Grande foi a residência da família dos Avilez (das notáveis Maria José Nogeira Pinto e de Maria João Aviles) que preservou as suas características. Em 2020 o Palácio foi vendido a uma universidade
já não há limões

Em poucas palavras, era uma vez um limoeiro podado até desaparecer, à semelhança dos jornais, que já não lemos.
Há 50 anos os limões eram caros, mas os hipermercados tornaram os limões baratos.
Os limoeiros foram então queimados. Mas depois acabaram os limões nos hipermercados. Não davam lucro.
Os jornais também já foram populares. Mas o facebook e o tik-tok estão a matar a imprensa. A culpa é nossa, desperdiçamos o que é bom, aderimos a patranhas!
PS: Os árabes trouxeram os limoeiros da Pérsia para a Ibéria há mil anos. A imprensa foi inventada por Gutenberg há 585 anos.

TIM, Barraca e Angélica




Portugal reconhece Estado da Palestina
Portugal reconheceu formalmente o Estado da Palestina.
França anunciou que 10 países, entre os quais Portugal e França, reconheceram o Estado da Palestinia, numa conferência à margem da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
Para além de Portugal e França, também seguiram o mesmo caminho Austrália, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Malta, Reino Unido e São Marino. Dos 194 paises representados na Organização das Nações Unidas 156 reconheceram já formalmente o Estado da Palestina
O vento de deus comprado
nas terras do Líbano
Art Deco abre portas em Outubro em Paris

A exposição de Paris sobre "Cem anos de Art Deco" abre portas as 22 de Outubro e propõe uma viagem ao coração da criação dos anos loucos e das suas obras-primas patrimoniais, sob o signo do m´tico comboio Oriente-Expresso.
Mobiliário escultural, jóias preciosas, objectos de arte, desenhos, cartazes e peças de moda: contam a riqueza, a elegância e as contradições de um estilo que continua a fascinar.
A mostra apresenta uma cenografia que podia ser mais cativante, muitos objectos estão em cima de uns dos outros deviam estar mais distanciados, porque deste modo não nos apercebemos bem das peças exibidas.
A exposição abre-se de forma invulgar com o fantástico "Orient Express", verdadeira jóia do luxo e da inovação. Esta imagem representa uma cabine do antigo comboio "Étoile du Nord", ao lado de três maquetes do futuro "Orient Express", reinventado por Maxime d'Angeac, ocupam a nave principal do museu.
Um convite para admirar um universo onde a arte, a beleza e o sonho se inventam no presente como em 1925. O comissariado geral da exposição é assegurado por Bénédicte Gady, directora interina dos museus, e o comissariado por Anne Monier Vanryb, conservadora das colecções modernas de 1910-1960, numa instalação concebida pelo Atelier Jodar e do Studio MDA.
A mostra está organizada segundo um vasto percurso cronológico e temático que se estende pela nave e pelas galerias do 2º e 3º andares do museu, a exposição retrata as origens, o apogeu, o desenvolvimento e as reinterpretações contemporâneas da Art Deco.
Do mobiliário exposto, sobressai os cadeirões e mesas de Robert Mallet-Stevens, que repousam sobre uma base em tubo metálico. Estas peças são notáveis exemplos dos móveis em tubo metálico da Art Deco francesa, foram realizadas pelos mais importantes designers da época.

De destacar ainda colares, alfinetes, relógios, nécessaires, desenhos e documentos do arquivo da Cartier– ilustram a criatividade formal e a riqueza simbólica das criações da maison.
Para além das joias singulares, pode-se referir as belíssimas cigarreiras em prata ou ouro com esmaltes com desenhos geométricos, onde essas peças encarnam a estética do luxo Art Deco, reflectindo ao mesmo tempo a evolução dos gostos de uma clientela internacional cosmopolita, em busca de distinção e modernidade.
A exposição termina com o universo da moda e das artes têxteis, que é representado pela capa de Madeleine Pangon, o vestido com pequenos cavalos de Madeleine Vionnet, uma jaqueta criada por Sonia Delaunay, um vestido de Jeanne Lanvin, que não são as melhores peças que estas designers de moda realizaram.
Um século após o seu surgimento, a Art Deco continua a inspirar pela sua modernidade, elegância e liberdade de formas.
Ao cruzar os olhares de ontem e de hoje, a exposição mostra o quanto este movimento permanece vivo, em ressonância com as questões estéticas e os saber-fazer contemporâneos. Mais do que uma homenagem ao passado, ela convida a repensar a Art Deco como uma fonte sempre fecunda de criação e inovação.

chegada a minha hora não subo aos céus

Fui diagnosticado com medo das alturas. Um arrepio de pélvis de cada vez que do telhado vejo o tecto dos arranha-céus, das montanhas me adivinho em parapente, da falésia abro os braços sem voar.
Um amigo que ganha a vida em clínica (bem melhor cúmplice que doutor) diz que com a idade passei a sofrer de vertigens.
Enfim, a prova científica de que chegada a minha hora não subo aos céus por estar de baixa médica.
Imortal à condição: como dizia o tonto que disparava a correr da meta em direcção ao bloco de partida. (imagem: JMW Turner. Devil's Bridge 1807)

Cartoonistas americanos atentos a Gaza







Elas morreram de pé

A estreia do notável filme sobre Natália Correia, intitulado pela realizadora Rosa Coutinho Cabral de "A Mulher que Morreu de Pé", revitaliza a frase que a actriz Palmira Bastos imprimiu no nosso imaginário, "As Árvores Morrem de Pé", a partir da peça de Alejandro Casona, que ela interpretou magistralmente.
Ambas, Natália Correia e Palmira Bastos morreram, porque viveram, de pé, afirmando-se (como muitas outras mulheres no seu século) seres de excepcional envergadura humana. Curiosamente passam agora 150 anos sobre o nascimento da grande actriz que, nos últimos de vida era, no mundo de então, a intérprete mais velha a subir ao palco.
Palmira Bastos, que representou durante 75 anos, estreou-se com 15 anos no teatro da Rua dos Condes, na opereta "Reino das Mulheres", rapidamente se impondo ao lado de Augusto Rosa, Eduardo Brasão, Lucinda Simões, Chaby Pinheiro e Ângela Pinto.
Cedo ganhou a carinhosa designação de Grande Palmira, "quando está na ópera-cómica faz falta ao drama, quando está no drama falta à ópera-cómica", dizia-se a seu respeito. "A Grã-Duquesa", "A Severa", "A Conspiradora", "Uma Mulher Extraordinária", "Leonor Teles", "Ciclone" foram alguns dos seus grandes êxitos, entre dramas, comédias, operetas e revistas.
Detentora de um enorme talento, de rara versatilidade, de exigente profissionalismo, o seu amor ao teatro não tinha limites. Talvez por isso, seduziu todas as gerações e classes sociais de então.
No Brasil teve enormes apoteoses fazendo dezenas de tournée aquele país desde 1900. "A minha mãe era muito admirada, chegavam a tirar os cavalos do break que ela utilizava para o puxarem à mão entreo teatro e o hotel", disse-nos a filha Amélia Bastos Moreira da Cruz: "Voltou lá em 1960, sendo

longamente homenageada com recepções e descerramentos de placas".
Palmira Bastos recebeu inúmeros prémios e condecorações, caso das ordens de Santiago e de Cristo, da medalha de ouro da cidade de Lisboa, do Cruzeiro do Sul e de Cidadã Carioca.
"Representámos pela primeira vez em 1922", destacaria por sua vez Amélia Rey Colaço, "tivemos uma camaradagem, uma admiração de mais de 40 anos. Ela foi tudo, a grande intérprete, a grande amiga que me acompanhou em horas más, sempre muito solidária, e em horas gloriosas, magníficas".
A artista recusava invariavelmente os convites do realizador Leitão de Barros para fazer cinema, afirmando que "passada pela máquina não dava nada". Dela ficou-nos apenas o filme mudo "O Destino", e a gravação de "As Árvores Morrem de Pé", feita pela RTP em 1965.
Numa entrevista, a actriz confessava: "Represento esquecendo-me de mim própria e da minha idade, destes anos todos de desilusões, de desgostos. Os momentos mais felizes da minha vida foram aqueles em que ouvi as primeiras palmas e em que fui mãe."
A 15 de Dezembro de 1966 apareceu pela última vez na festa de despedida do actor Raul de Carvalho com a reposição de "Ciclone". Pouco depois sofreu um AVC. Na clinica onde passou os derradeiros três meses, insistia que "haveria de voltar ao teatro, nem que fosse numa cadeira de rodas, pois desejava morrer de pé como as árvores". Morreu.

Do amor nada mais resta que um Outubro

Escrito numa ânfora grega
